Manejo de pastagem e suplementação de nutrientes: receita de sucesso para a atividade pecuária

23/02/2023


Você sabia que utilizar o máximo potencial da pastagem, sem causar a sua degradação, é uma alternativa para produzir uma arroba mais barata? Mas, antes de tudo, é preciso entender que o ponto principal para alcançar o desempenho almejado é certificar-se que o animal está consumindo o que foi proposto. Em uma dieta de confinamento, por exemplo, é mais fácil fazer essa mensuração, mas a pasto o que se pode fazer é proporcionar todas as condições favoráveis para o máximo consumo da forragem de ótima qualidade.

Neste sentido, colocamos em prática o uso da palavra palatabilidade para descrever o quanto o animal foi adepto aquela pastagem, porém, como não existem unidades de medida e nem equipamentos para esta mensuração, este termo pode ser alterado por “preferência”, que significa a discriminação exercida pelos animais entre distintas áreas da pastagem ou entre os componentes do dossel forrageiro, ou em forragem colhida e oferecida no cocho.

Um ponto de atenção importante na pecuária é a taxa de lotação, isso porque em uma determinada área na qual existem muitos animais com pouca disponibilidade de pastagem a produtividade por animal e por área são baixas (gráfico 1). Porém, se houver uma alta disponibilidade de pastagem e poucos animais, o ganho de peso diário será alto e a produtividade por área baixa. Por isso, é preciso buscar sempre uma faixa ótima entre taxa de lotação e oferta de pastagem.

GRÁFICO 1: Relações entre pressão de pastejo (n), ganho de peso por animal (g) e o ganho de peso por unidade de área (G)

Fonte:  Adaptado: Mott (1960)

 

Este intervalo ideal de pastejo é quando ocorre os seguintes eventos em conjunto:

  • Máxima taxa de fotossíntese e máximo crescimento da planta;
  • Interceptação Luminosa (IA) de 95%;
  • Maior taxa de acúmulo de forragem e início da senescência.

Com isso, o correto momento de pastejo dos animais é entre quando começar a produzir talos e quando houver o mínimo resíduo para ocorrer a renovação das folhas (meristema), isso porque o crescimento radicular pode ser nulo pela remoção de 50% da área foliar, ou seja, a altura do resíduo após o pastejo não pode ser inferior a 50% da altura da entrada.

Quando direcionamos o assunto para o consumo da forragem, sabemos que o gado prefere folhas jovens em que o perfil nutricional (proteína bruta e fibra) é melhor comparado com pastagens mais velhas, mas, estas folhas jovens são responsáveis pela fotossíntese, que resulta em desenvolvimento da planta, assim, é necessário permitir descanso à pastagem para não afetar o seu crescimento.

O principal objetivo das plantas forrageiras, em geral, é produzir folha. Por isso, quando surge o sombreamento na folha, a planta responde à falta de luz alongando o entrenó para que a nova folhagem tenha acesso a iluminação e se desenvolva. Então, como o animal tem preferência por folhas se comparado a talos, para não favorecer a produção de talo, é preciso ter pastejo (ou corte) na altura correta.

O pecuarista é um agricultor de pastagem, assim, saber realizar a colheita pelo pastejo dos animais é imprescindível para o sucesso na atividade. Além disso, o solo brasileiro, predominantemente, é nutricionalmente inadequado, proporcionando déficit de alguns nutrientes para a planta forrageira e por tabela para o rebanho. Desta forma, complementar estes nutrientes faltantes na pastagem, e que são exigidos pelo animal, é necessário para aproveitar o máximo potencial.

De maneira geral, as pastagens brasileiras apresentam sazonalidade na produção, sendo que na época das águas (verão) há uma boa disponibilidade de forragem e os minerais são os primeiros nutrientes limitantes. E no período seco do ano há baixa disponibilidade de pastagem e a proteína bruta se torna o primeiro nutriente limitante.

Entender que a exigência do animal é alterada pela categoria animal, raça e meta de desempenho, e que a qualidade da pastagem é alterada pelo solo em que ela está estabelecida, espécie forrageira e época do ano é primordial para a correta suplementação de nutrientes na pastagem.

Por fim, aliar o bom manejo de pastagem e a correta suplementação de nutrientes via cocho aos animais é sinônimo de produtividade, resultado positivo e sustentabilidade da atividade pecuária.

 

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