Confinamento: conheça os pontos de atenção para ter sucesso nesse sistema

10/03/2021


Ter uma boa gestão é fundamental para quem quer garantir a lucratividade dos negócios da fazenda. Ao acompanhar o mercado do boi gordo atual, podemos perceber um aumento no valor da @, momento em que o produtor, que atua com terminação de animais, torna-se o protagonista na pecuária de corte.

Atualmente, a pecuária tem demandado muita atenção por conta da alta dos preços de insumos e dos animais para reposição, escassez de bovinos para abate e crescente demanda para exportação.

Entender como esses fatores podem afetar na atividade é de extrema importância ao confinador.

Para ajudar o pecuarista a obter os melhores resultados no sistema de confinamento separamos alguns pontos que precisam de atenção especial:

  • Alta no preço da arroba

O valor pago pela arroba está num patamar bem elevado, negociado, em fevereiro de 2021, por até R$ 300,00. Esse valor é 57% superior a cotação no mesmo período de 2020, quando o valor era R$ 190,00.

O preço da arroba é afetado pela escassez de animais para o abate e o aumento expressivo da exportação de carne bovina, ou seja, lei da oferta e demanda.

Quais são os motivos dessa elevação de preço da arroba?

  • Entre os fatores está a seca prolongada, no segundo semestre de 2020, que afetou a qualidade das pastagens, proporcionando terminação mais tardia de bovinos;

 

  • O início da elevação do preço da arroba e a extensão da seca incentivou alguns pecuaristas a confinarem os animais, em vez de optar pela terminação a pasto. Isso adiantou o abate do rebanho confinado e reduziu a oferta dos bois que seriam abatidos nesses primeiros meses de 2021;
  • A retenção de fêmeas desde o ano passado, devido à valorização do bezerro, deve continuar pelos próximos dois anos, acarretando assim menor oferta de animais para abate;

 

  • A elevada demanda por carne bovina brasileira desabasteceu o mercado, aumentando os preços. As exportações de carne bovina do Brasil registraram recorde de 2,016 milhões de toneladas em 2020, valor 8% maior que 2019, causado pela grande demanda da China. Em 2020, o País importou sozinho 1,18 milhão de toneladas de carne bovina brasileira. O segundo maior cliente do Brasil, em 2020, foi o Egito, que adquiriu 127.953 toneladas, número 23% menor em relação a 2019.

As exportações recordes em 2020 refletem a firme demanda por commodities do Brasil, puxada pela China, mesmo diante dos impactos da pandemia. Dados divulgados pela Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), projetam que os embarques permaneçam positivos em 2021, com possível avanço de 5% em volume.

Mas, nem tudo são flores…

No início do período da alta no preço da arroba os confinadores ficaram animados, mas esse entusiasmo não perdurou, pois esta alta veio acompanhada pela elevação de outros custos, que tornam a atividade um pouco melindrosa.

  1. Alta no preço dos insumos

Farelo de soja

O preço do farelo de soja ganha destaque nos custos de alimentação para animais em engorda e terminação. Com valores ainda elevados, pelo atraso na colheita da safra de soja 2020/21, a oferta do óleo e do farelo de soja estão limitadas. Para exemplificar melhor, o produto passou de R$ 1.370,00 para R$ 3.150,00 de fevereiro de 2020 em relação a fevereiro de 2021.

No segundo semestre de 2021 a situação deve se agravar, pois é momento de o pico da demanda por farelo ser maior no setor de produção animal. Além disso, como parte da soja já está negociada com fechamentos de contratos, o estoque deverá ser menor no segundo semestre.

Milho

Como o principal farelo energético que compõe a alimentação dos bovinos, o milho tem preocupado produtores rurais. Isso porque a saca, que custava R$ 51,50 em fevereiro de 2020, passou para R$ 85,50, no mesmo período em 2021. A elevação do preço do dólar e a demanda firme dos mercados brasileiro e internacional, culminaram na elevação do preço da saca. Para este ano, a expectativa é de que o preço se mantenha.

E como o confinador será eficiente com os preços das matérias primas elevados?

A melhor opção neste momento é estudar a viabilidade de substituição total ou parcial desses dois principais farelos, por substitutos, tentando encontrar um equilíbrio entre custo da diária e desempenho. Como exemplos de substitutos se destacam: casca de soja, polpa cítrica, gérmen de milho, farelo de arroz, farelo de trigo, DDG, farelo de algodão, farelo de amendoim, farelo de girassol, caroço de algodão. Por mais que estas alternativas tendam a acompanhar o mercado e registrem elevação dos preços, a utilização deles pode ser bastante vantajosa.

  1. Alto custo de animais para reposição

O confinador tem notado que a compra dos animais de reposição está cada dia mais penosa, isto se deve ao momento que estamos dentro do ciclo da pecuária de corte.

De 2015 a 2018, a pecuária de corte brasileira foi caracterizada com maior abate de matrizes pelos preços baixos pagos pelo bezerro desmamado. Em 2019, a baixa disponibilidade de bezerros fez com que o preço começasse a aumentar, sendo que em janeiro de 2019 o valor pago por um bezerro era em torno R$ 1.250,00; em janeiro de 2020 era de R$ 1.570,00 e em janeiro de 2021, R$ 2.450,00, quase 50% a mais. Da mesma forma, o preço do garrote em 2019 era de R$ 1.650,00 e em 2021, R$ 3.500,00, uma elevação de 100%.

Com o preço mais atrativo, o pecuarista direcionou o investimento na categoria de cria, reduzindo o abate de fêmeas. Isso pode ser comprovado pelos dados da Scot Consultoria, que comparado ao ano de 2019, pontou uma redução de 18,2% no abate de fêmeas, no ano passado.

Este dado concretiza a continuidade de preços pago pela arroba e por animais de reposição firmes, uma vez que há menor oferta para abate e, com a redução de fêmeas para abate ano passado, pode-se dizer que, somente daqui algum tempo, haverá mais bezerros para aumentar a oferta de animais de reposição.

E como o confinador será eficiente neste cenário?

O confinador está pressionado a ser cada dia mais eficiente para alcançar lucro. Neste momento a necessidade de compra oportuna de animais de reposição é indispensável. Além disso, é necessário diluir o ágio da compra do boi magro durante o confinamento no menor tempo possível e abater o animal mais pesado.

Ser preciso, eficiente e minucioso no planejamento e execução do confinamento são características necessárias a confinadores. Entender como o mercado funciona e buscar alternativas para produção são o caminho para o sucesso.


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