Como melhorar os índices reprodutivos na pecuária leiteira?

10/06/2020


Aliar técnicas reprodutivas e boa nutrição em bovinos de leite é o que garante os bons resultados

Na pecuária leiteira atual precisamos extrair o máximo desempenho dos animais. Por isso é fundamental ter eficiência no aspecto reprodutivo do rebanho. Ter conhecimento técnico neste assunto e adotar manejos que favoreçam a reprodução dos animais permite que a fazenda tenha sempre uma relação ideal entre os animais que estão em produção de leite e as próximas vacas que substituirão as lactantes atuais. Manter esse ciclo garante produção constante de leite (com média de produção alta por vaca e DEL – dias em lactação baixo) e, por consequência, saúde financeira para a propriedade.

 

Por falar em ciclo, quando o assunto é reprodução, o melhor é avaliar toda a situação para nortear algumas decisões. Vejamos o exemplo abaixo:

FIGURA 1 – Fases do ciclo reprodutivo de vacas leiteiras

 

Avaliando a figura 1 percebemos que o ciclo produtivo de uma vaca está distribuído em 12 meses (um ano). Logo, verificamos que o ideal é que, durante este período, o animal reproduza, produza e emprenhe novamente para que no ano seguinte tudo se repita. Assim, o ciclo se reinicia e a vaca entregará novamente mais 10 meses de produção de leite e uma cria.

 

Mas isso significa que precisamos trabalhar duro para tirar o máximo de produção leiteira das vacas enquanto as preparamos para a reprodução. Depois disso, este mesmo animal terá dois meses para descansar até a próxima lactação e é necessário que tenha outra vaca parindo para assumir o lugar desta que entrou no período seco, repondo a produção e mantendo o equilíbrio do sistema.

 

Como saber se estou fazendo isso da maneira correta?

Um dos indicadores mais utilizados para avaliar se está tendo equilíbrio no ciclo é o indicador DEL – Dias em Lactação. Este referencial mostra qual é a média de dias em lactação em que as vacas estão.  Ou seja, na prática o DEL mostra se o lote de vacas em produção contém mais vacas no início, meio ou final de lactação.

 

O ideal é buscar um DEL médio abaixo de 180 dias, demonstrando que terão mais vacas em início de lactação. Se o DEL for acima de 180 dias, além da média de produção cair, indica a ineficiência na reprodução, já que existe menor número de vacas em início de lactação. Isso mostra que a capacidade de reposição está baixa e não estamos conseguindo fazer com que as vacas emprenhem para repor as lactantes. Com isso, na busca de manter a produção na fazenda, obriga o produtor a manter a lactação por mais tempo.

 

Como controlar melhor a reprodução das vacas e manter o equilíbrio na produção?

Algumas das tecnologias reprodutivas que podem ser empregadas na pecuária leiteira são a inseminação artificial (IA) ou inseminação artificial em tempo fixo (IATF) para obter melhores índices. As duas tecnologias consistem em um colaborador treinado inseminar a vaca durante o estro, sem necessidade de monta natural de touro.

 

A utilização de IA ou IATF se enquadra em propriedades que necessitam:

  • Melhorar a genética do rebanho;
  • Reduzir custos com utilização de touros e utilizar a área destinada a estes animais a outras categorias;
  • Manutenção da sanidade do rebanho diminuindo riscos de transmissão de doenças pela monta natural;
  • Emprenhar vacas que não aceitam monta natural;
  • Acompanhar registros de prenhez e partos.

IA ou IATF?

A IA possui maior sucesso quando empregada em propriedades em que os colaboradores têm habilidade em detecção do cio. Nesta técnica não há necessidade de protocolos de indução de cio, reduzindo investimentos neste sentido. Porém, é preciso disponibilidade diária para inseminar os animais.

Por outro lado, com uso da IATF a concentração dos manejos pode acontecer em apenas um dia da semana pela sincronização do estro, dispensando a observação do cio. Esta sincronização faz com que as vacas sejam inseminadas em tempo fixo o que proporciona produção de leite seja mais consistente.

Como a adoção dessas tecnologias melhora os índices reprodutivos no gado leiteiro?

Geralmente, fazendas que adotam esse tipo de manejo necessitam ter maior atenção ao rebanho e controle individual de cada animal. Dessa forma, torna-se mais fácil identificar as vacas que puxam os índices reprodutivos e produtivos para baixo, facilitando o descarte dos animais e melhorando a seleção do rebanho. Além disso, é possível escolher diversos touros com genética provada e fazer os acasalamentos que trazem melhorias para o rebanho como um todo, agilizando a melhoria genética dos animais e por consequência melhorando a produtividade.

Outro ponto que traz melhores resultados é a maior taxa de concepção. A melhora neste índice é alcançada por melhor aproveitamento dos cios e menor tempo de serviço. Com isso, há redução do intervalo entre partos, buscando o desejável que é 12 meses.

 

Por fim, melhores taxas de prenhez podem ser alcançadas, pelo aproveitamento mais eficiente dos cios e melhora na taxa de concepção. Isso porque esta taxa é representada pela multiplicação da taxa de detecção de cio x taxa de concepção.  A taxa de prenhez é o índice reprodutivo mais importante, sendo o valor ideal 22-25% e valor mínimo para ações imediatas 12-15%.

E qual a melhor forma de usar a IA e IATF?

Sabemos que o escore de condição corporal é um dos fatores mais importantes para a vaca emprenhar, ou seja, um animal só emprenha quando está bem alimentada, conseguindo suprir suas necessidades de mantença e sobrando nutrientes para que ela entre em reprodução.

 

Portanto, uma das premissas para sucesso na inseminação artificial é que ela deve ser aliada ao manejo alimentar e que forneça os nutrientes necessários para manutenção, produção e reprodução da vaca. É preciso, então, traçar estratégias de alimentação desde a fase de recria para as novilhas (link do texto de recria de bezerras leiteiras), passando por estratégias para as primíparas, multíparas e vacas secas.

 

Importante lembrar:

No caso de vacas de segunda ou mais crias o desafio de mantê-las com escore corporal adequado é bem grande. Isso por que, idealmente precisamos conseguir emprenhar vacas que pariram há 60 dias e estão passando por um período de muitas mudanças no corpo e metabolismo.

 

Ao avaliarmos a figura 1 podemos perceber que após a parição, a vaca entra no chamado balanço energético negativo, ou seja, há redução considerável no consumo de alimentos, porém a demanda energética para produção de leite é grande. Isso faz com que o animal comece a utilizar suas reservas corporais como fonte energética ocasionando perda de escore corporal dificultando o animal emprenhar novamente.

 

Este momento é delicado e por isso o aconselhável é adotar dietas bem balanceadas visando maior concentração de energia, proteína, minerais e vitaminas, devido a redução do volume de alimento consumido pelo animal.

 

O mais importante é entender que antes de investirmos em técnicas reprodutivas precisamos entender as necessidades nutricionais de cada etapa do ciclo produtivo dos nossos animais e aderir aos manejos nutricionais que supram as exigências deles os tornando aptos à reprodução.


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