Como melhorar a eficiência da recria e tornar a produção mais lucrativa

24/06/2020


Sete perguntas que podem auxiliar o produtor a entender o porquê e qual estratégia utilizar para suplementar o rebanho nesta fase

 

A forma de encarar a pecuária vem passando por mudanças ao longo dos anos. Uma delas é um olhar mais empresarial para as propriedades rurais que foca em planejamento, meta e lucro. Por isso, assim como em qualquer negócio, identificar as oportunidades e os riscos é fundamental para antecipar os acontecimentos, traçar as ações necessárias e conseguirmos excelentes resultados em todas as etapas da produção.

A fase de recria dos animais, por sua vez, não pode ser diferente. Uma recria bem executada, geralmente, ocorre durante 12 meses e passa por estações do ano completamente diferentes: inverno e verão. Por isso, para obter eficiência e produtividade é preciso separar a recria em duas etapas para melhor definição das estratégias. Vejamos abaixo:

Etapa 1: a recria começa na desmana

A primeira etapa da recria começa na desmama. Geralmente, este momento coincide com o início do inverno, em torno de cinco meses de duração dependendo do estado. O período é marcado por alterações climáticas como escassez de chuvas, menos horas de luz e redução da temperatura do ambiente. Nesse momento as pastagens começam a amadurecer ocasionando a redução da concentração de proteína bruta e modificando a relação folha/colmo, reduzindo a quantidade de folhas e aumentando a de colmos, fazendo com que o pasto passe a ter menor qualidade, o que reduz o ganho de peso esperado.

Sabendo que os animais de recria são altamente exigentes e necessitam de um maior aporte de proteína, percebemos que nessa primeira etapa temos o enorme desafio de fazê-los crescer e ganhar peso, contribuindo para a produção de @ da propriedade, mesmo consumindo pastagem de baixa qualidade.

Com isso, sabemos da necessidade de traçar uma estratégia de suplementação (ato de fornecer nutrientes que faltam no pasto) específica para esse período com o objetivo de dar a correta quantidade de minerais e proteínas para esses animais expressarem todo o seu potencial.

Caso haja menor concentração energética na pastagem, este nutriente também precisa ser fornecido via suplemento, para que o animal tenha possibilidade de maximizar a produção. Podemos observar na tabela 1 o efeito positivo desses tipos de suplementações nessa fase.

 

Etapa 2: suplementar para maximar o potencial dos animais

A segunda etapa, com duração média de sete meses, começa com os animais já mais pesados, acostumados com o manejo, pasto e suplementação. Além disso, temos a grande vantagem de estar no período das águas, onde as condições climáticas favorecem a produção de pastagem. Animais que tiveram uma primeira etapa bem feita estão prontos para aproveitar toda a qualidade das pastagens e ganhar peso conseguindo finalizar a segunda etapa prontos para serem terminados (a pasto ou/e confinamento).

Agora é a hora que precisamos aproveitar a alta qualidade e oferta de pasto e, como dizem por aí: “empurrar o carro ladeira abaixo”. Ou seja, é o momento de explorar o máximo desempenho dos animais, obtendo um ganho de peso ainda maior do que o conseguido apenas com a ingestão de pasto. Assim, é ideal que haja suplementação de minerais e proteínas, dependendo do desempenho esperado de energia.

Em cada uma das etapas temos desafios e oportunidades diferentes, por isso podemos analisar as estratégias possíveis de serem adotadas para que os animais passem pela fase de recria atingindo a meta estabelecida para que a fazenda tenha o resultado esperado.


Linha branca: Supl. Mineral;
* Foram adotados: valores médios dos produtos utilizados; custo fixo por animal por mês: R$ 30,00; Lotação: 1,50 UA/ha; Peso a desmama (maio): 210 kg; Valor de compra da @: R$ 270,00; Valor projetado de venda da @: R$ 220,00; Ágio: 22,7%; Quantidade de animais: 100 animais.

Ureado: Supl. Mineral ureado;

Ureado aditivado: Supl. Mineral ureado aditivado;

Proteinado: Supl. Mineral Proteico;

Proteico-Energético: Supl. Mineral Proteico Energético para consumo médio de 0,3% do Peso Vivo.

 

Mas, o que podemos concluir analisando as estratégias? Abaixo, respondemos sete questionamentos que podem auxiliar para a compreensão do porquê suplementar os animais nesta fase da vida traz ganhos excelentes.

  1. Por que a suplementação de proteína tem bons resultado?

Sabemos que os animais em recria estão em crescimento e o desenvolvimento correto dos músculos requer, prioritariamente, proteína além dos outros nutrientes. Sendo assim, percebemos que ao introduzir suplementação proteica aos animais o resultado financeiro é bastante interessante, pois como estes bovinos necessitam de nutriente respondem muito bem ao incremento na dieta.

 

  1. Se o pasto nas águas está bom, por que a suplementação proteica ainda funciona?

Apesar da quantidade de proteína nas pastagens ser boa nessa época, o consumo total de pasto que o animal consegue ingerir dentro de um dia tem um limite. Sendo assim, o consumo total de proteína também. Dessa forma, para acelerar o ganho de peso, aproveitando que os animais estão em pleno crescimento, podemos fornecer proteína via suplementação, trazendo maior produtividade e melhor aproveitamento dos recursos utilizados.

 

  1. Por que utilizar aditivos?

A utilização de suplementos minerais com aditivos se mostra grande aliado na recria, uma vez que a Monensina torna o aproveitamento do alimento pelo animal mais eficiente. Com isso, age na melhora do desempenho, tanto nas águas quanto na seca.

  1. Quando utilizar suplemento proteico energético?

Quando precisarmos que os animais tenham um ganho de peso diário bem elevado. Nesta situação, apenas a energia ingerida via pasto passa a não ser suficiente. Assim, este tipo de suplementação se torna vantajosa por suprir a proteína, energia e minerais que possam não estar suficientes nas pastagens. Ao incrementar a dieta com proteína e energia de forma balanceada, o ganho de peso é potencializado e, como visto, o resultado financeiro é bastante positivo.

  1. Suplementos ureados são eficientes na seca?

A suplementação com ureia, para a categoria em questão, geralmente, não é suficiente para que os animais tenham bom desempenho. Como essa categoria é exigente em proteína, o fornecimento desse nutriente via suplementos ureados, normalmente, é suficiente apenas para suprir as exigências de mantença do animal. Isso significa que irão manter o peso, evitando o famoso “boi sanfona”, porém sem ganhos. Logo, na maioria dos casos essa suplementação não se mostra promissora financeiramente falando, como podemos observar na tabela 1.

  1. Suplemento mineral linha branca dá lucro?

Geralmente na época seca do ano os minerais não são os nutrientes que causam limitação na produção, por isso utilizar mineral linha branca não será suficiente para evitar a perda de peso nessa época.

No período das águas, podemos utilizar essa linha de suplementos para repor a necessidade de minerais e principalmente fósforo, porém os animais estarão limitados ao ganho de peso máximo que as pastagens tiverem capacidade de fornecer. Somando os dois períodos do ano (perder peso na seca e ganhando pouco peso nas águas), a produção de @ total é insuficiente para ter lucro.

  1. Quais as vantagens em intensificar a produção?

Enfim, diante das estratégias expostas o importante é entender que a intensificação da suplementação da recria tem como resultados aumento da produção total de @, aproveitando melhor a área explorada.

Claro que aumentar a produtividade é sempre muito bom, porém, na recria temos um efeito ainda maior, pois temos o tão conhecido ágio no preço da arroba. Ágio é a diferença entre o valor pago na arroba do bezerro e o valor da arroba vendida do boi magro.

Ou seja, ao comprar um bezerro por R$270,00/@ e vendermos um boi R$ 220,00/@ temos uma diferença de R$50,00 na arroba paga pelo bezerro. Considerando que temos um bezerro de 7@, nós compramos essas 7@ por R$ 1.890,00 e vamos vender essas 7@ por R$1.540,00, sendo assim temos um custo do ágio de R$ 350,00. Qual única forma de diminuir o impacto desse custo? Produzir mais arrobas/cabeça/ano, diluindo o custo o máximo possível.

 

Vamos ver um exemplo?

Com essa tabela fica fácil enxergar que após o pagamento do ágio uma estratégia tem mais de R$ 47,00 a mais por arroba produzida para arcar com os custos de produção da fazenda.

 

É válido ressaltar que todas as alternativas apresentadas no quadro são corretas e passíveis de serem implementadas. No entanto, a decisão de qual utilizar vai depender exclusivamente da realidade e objetivo de cada fazenda. Pode-se, inclusive, fazer um planejamento de vários anos e durante o tempo estabelecido a fazenda se programar para evoluir (no sentido de aumento de @ produzidas) entre as estratégias na medida melhor funcionar para cada realidade.


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